domingo

O meu amor infinito



Minha filha, meu encanto!

Há quem já não acredite em amores infinitos mas que os há, há!...
Um dia pensamos que amamos infinitamente e que esse amor perdurará até à eternidade. Acreditamos que esse amor é tão infinito como mar e céu a fundirem-se no horizonte e não lhe encontramos defeitos. Ficamos a olhar naquela direcção e perdemo-nos de nós próprios. Chegamos a pensar que somos capazes de tudo pelo nosso amor. E somos mesmo. Chegamos a enfrentar a sociedade, os maldizeres de quem nos não conhece, e fazemo-lo porque amamos.
Um dia descobrimos que, afinal esse amor não é capaz dos mesmos actos por nós e concluímos que "os sonhos hão-de ser sempre porque são sonhos".
E esse amor tão forte como o mar vai-nos desiludindo, o encanto quebra-se a cada defeito que lhe descobrimos. No entanto, continuamos a amá-lo pois não se ama pelas qualidades. Ama-se porque se ama, e pronto!...
Com o tempo vamos precisando de fazer pausas para ganhar forças e continuar.
Porquê, porquê que continuamos a amá-lo, apesar de continuar a desapontar-nos, apesar de descobrirmos que é um amor impossível porque sempre o foi?
O amor tem razões que a própria razão desconhece. Hoje sei que nada acontece por acaso. O destino encarrega-se de encontrar um caminho para a continuidade da infinitude.
Podemos amar de muitas maneiras, amamos os nossos amigos, os nossos familiares mas só depois de ter a minha filhota descobri que o único amor infinito por quem somos capazes de tudo são os nossos filhos. Estão intrinsecamente dentro de nós próprios, a nossa vida sem eles não tem sentido. Nada nos mete medo e adquirimos uma coragem e uma força inigualáveis.
Depois de andarem nove meses dentro da nossa barriga, sentindo-lhe os pontapés, os movimentos, depois do os sentirmos nascer e de os colocarem ao nosso peito sabemos que não há amor mais infinito do que o amor de uma Mãe pelos seus filhos e sabemos que dali para a frente serão a nossa razão de viver, as dores deles serão as nossas e tudo faremos para que cresçam saudáveis e felizes.

Tempo de Amar


Tu sabes bem
que areia sem mar
apenas é deserto,
e o longe que fazemos um do outro
rasga o sentido ao belo,
mordendo-nos o ser
que se quer perto.


Tu sabes, como eu também,
que são precisos muitos anos de incerteza,
e muito entardecer de solidão,
para aprender a amar alguém.


Tu sabes que tempo de amar
não é para medir;
é tempo para sentir,
para além do tempo.


Sei lá que tempo é verdadeiro,
se o que rola fácil,
acumulando os dias.
Se o que faz em ti meu paradeiro
quando penso ouvir dizer
que para sempre me querias...

In, "POEMAS DE AMAR E PENSAR UM POUCO" de Luís Rosa