domingo

Não há mais nada para ler!


No silêncio da madrugada
As palavras que ficaram por dizer
Vêm de mansinho
E sussurram-me ao coração
Que se faz tarde

Olho a ambiguidade dos teus olhos
Outrora claros, límpidos e transparentes
Como o azul do mar, na calmaria do Verão

A noite é já escura
Nada no teu olhar faz luz
Mas vejo-te…
Na sagacidade com que utilizas as palavras
Ocultando a verdade
Dos mistérios que te habitam

Já não te reconheço
Já não sei quem és
És talvez o banco vazio
No jardim da minha credulidade
Não te reconheço…e sorrio
Até na tristeza sorrio

E no silêncio da noite
Olho para as minhas mãos
Onde as linhas do destino se cruzam
Não há mais reticências
Nesta minha criação elaborada

Nada mais há para escrever
O fim já cá mora
Não há mais nada para ler,
Não há mais nada para ler!

**M.M.**

sábado

Refúgio!...


És o meu refúgio

Quando a saudade vem de mansinho
E teima em invadir todo o meu ser
És o meu refúgio
Quando uma lágrima rola sem querer
E num gesto repetido
Sorves cada gota salgada, amarga
Que me queima e me sufoca
Bebida que me deste a beber
És o meu refúgio
Sempre que a esperança me surge no olhar
Me dás a mão e descalços caminhamos
Sem rumo certo, dias infinitos
Até que tu, o meu refúgio
Abraças-me tanto, tanto
Que me sufocas
E deixo de existir!...







**M.M.**